quarta-feira, 21 de maio de 2008

terça-feira, 20 de maio de 2008

Cabelos sem fronteiras

Cabelos políticos, cabelos jurídicos, cabelos teatrais, cabelos cinéfilos, cabelos desportivos, cabelos simples ou esculturais em cabeças com diferentes ideais. Desde a banca ao governo, desde a televisão à economia, são muitas e diferentes as cabeças que se oferecem à criatividade e savoir-faire dos cortes certeiros dos mestres do Cabeleireiro Milénio, bem no centro da cidade de Lisboa.
Nelson Santana descobriu os seus dotes com apenas 15 anos, num pequeno cabeleireiro de Queluz, mas mudou-se para Lisboa, onde abriu o Milénio, no final do século XX, com o seu sócio, Amândio Costa, que leva mais de trinta anos de profissão. A equipa estende-se a João Franco e Fernando Reis e tem uma clientela que cresce à velocidade dos cabelos mais rebeldes.
Todos os dias de cortes e penteados trazem clientes especiais a um espaço que entrança o moderno e o clássico, num estilo italiano virado para a funcionalidade e o conforto elegante. Recebe figuras públicas e privadas, conhecidas ou discretas, à procura dos cuidados dos cabeleireiros do Milénio.
Nelson corta o cabelo de Paulo Portas há mais de 25 anos. O corte do procurador-geral da República, Fernando Pinto Monteiro, está a cargo do Fernando, vai para trinta anos. O cinema está nas mãos de João, que enquadra o cabelo de António Pedro Vasconcelos, há já pelo menos duas décadas, e Amândio dedica-se ao comendador Horácio Roque desde 1996, mais coisa menos coisa.
Há nove anos que os cabeleireiros do Milénio acompanham a evolução de uma cidade cosmopolita, cada vez mais fulgurante e atraente, e trabalham com profissionalismo e dedicação para aperfeiçoar a aparência pessoal dos seus clientes. Eles sabem que “hoje em dia, os homens estão cada vez mais preocupados com a sua imagem” e o cabelo é uma moldura que pode realçar ou adoçar as particularidades da pintura discreta ou radiosa que é uma cara. Curtos, médios ou compridos, todos os cortes lhes exigem rigor e, muitas vezes, criatividade. Uma profissão “privilegiada”, com futuro garantido que desconhece fronteiras de ideais e convicções, num espaço onde o corte do cabelo é a palavra de ordem dominante.

In: Revista FrontLine, n.º 2, Junho 2008
Maria Teresa Loureiro

sexta-feira, 9 de maio de 2008

O Menino Que Queria Viver Com o Sol

Era uma vez um menino que queria viver com o Sol. Não lhe chegava adivinhá-lo lá no alto, escondido pelas nuvens ou a espreitar por detrás das montanhas. O que o menino queria mesmo era viver com ele: brincar às escondidas, à apanhada, à cabra-cega, enfim, a tudo o que os meninos gostam de brincar.

O que o menino queria mesmo era brincar com o Sol. Vivia numa aldeia muito pequenina. Só tinha dez casinhas, uma escolinha e uma igreja, também miniatura. Os habitantes da aldeia eram muito poucos e não havia meninos da idade do menino que queria viver com o Sol.
A aldeia tinha um nome muito engraçado - Cantinho à Espera do Sol - e ficava aconchegada bem no fundo de uma colina, entre duas montanhas muito altas que no inverno ficavam cobertas de neve até meio caminho.

Ora o menino que queria ser amigo do Sol tinha um nome engraçado, chamava-se Mínimo. É que antes de ele nascer, os pais, e todos os habitantes do Cantinho à Espera do Sol, tinham decidido, depois de muitas conversas e discussões prolongadas pela noite dentro, dar-lhe o nome de Máximo, ou Máxima se fosse rapariga, pois ia ser o primeiro bebé a nascer na aldeia nos últimos cinco anos. E isso era o “máximo” de felicidade para todos.

Só que no dia em que o menino nasceu e deu o seu primeiro grito fora da barriguinha da mãe, todos ficaram muito atrapalhados quando repararam que era um menino muito pequenino. E logo ali, num dos quartos da casa do médico que ajudara o menino a nascer, e sem mais demoras, o Presidente da Câmara do Cantinho à Espera do Sol disse aos pais que era melhor trocar o nome do menino, pois ele era tão pequenino que não fazia sentido chamar-lhe Máximo. Foi assim que o menino que queria viver com o Sol quando nasceu recebeu o nome de Mínimo.

Nos primeiro meses, o menino Mínimo chorou sem parar, durante todo o dia e parte da noite. Nada conseguia acalmá-lo, nem satisfazer. Até que um dia, no dia em que o menino Mínimo fez um ano, a senhora que trabalhava no Posto dos Correios ofereceu-lhe um brinquedo que viera ter à aldeia por engano e sem remetente, por isso a Dona Olga não podia devolvê-lo. O menino Mínimo, a meio de um dos seus berreiros de infelicidade, ficou vidrado no presente. Era um Sol, com uma cara muito redonda, muito engraçada. E o melhor de tudo é que tinha um cordelinho entre dois dos raios que lhe envolviam a cabeça que quando se puxava fazia tocar música de embalar e iluminava a cara. E para espanto de todos, esse foi o primeiro dia em que o menino não chorou, nem berrou durante todo o dia. E os pais, que já andavam desesperados, puderam finalmente descansar durante uns tempos. Até ao dia em que o gato Titó, grande traquinas, apanhou o menino Mínimo a dormir a sesta e os pais distraídos a ver televisão e roubou o Sol que dava música de embalar e iluminava a cara redonda e o escondeu em parte incerta e desconhecida. Os pais deram volta à casa e ao jardinzinho das traseiras, todos os habitantes da aldeia Cantinho à Espera do Sol andaram de rabo para o ar à procura do Sol, do menino, mas não conseguiram achá-lo.

E a birra do menino recomeçou. Mais nenhum brinquedo lhe interessava, nada o distraía da sua infelicidade. E assim passou mais um ano.

No dia em que o menino fez 2 anos, a professora da aldeia do Cantinho à Espera do Sol foi à festa de aniversário do menino Mínimo e levou-lhe um livro muito bonito que tinha um grande Sol amarelo e sorridente na capa. E o menino, logo que viu a cara do Sol ao pé do seu narizito, começou-se a rir e a palrar de felicidade. E mais uma vez os pais e todos os habitantes da aldeia pequenina puderam descansar durante uns tempos. Até ao dia em que o menino Mínimo teimou em levar o livro do Sol para tomar banho com ele. Sem que os pais tivessem tido tempo de o salvar, lá mergulhou o livro dentro da banheira cheia de água e espuma. E o menino viu o livro ir ao fundo e voltar à superfície devagarinho e desatou a chorar quando a cara do Sol começou a desfazer-se lentamente dentro da água azulada. E o martírio dos pais e de todos os habitantes da aldeia Cantinho à Espera do Sol recomeçou. Só que com uma diferença: a partir de então, os pais perceberam que o menino Mínimo gostava muito do Sol e que só o Sol é que parecia fazê-lo feliz. Foi um alívio e um grande problema também, pois a aldeia Cantinho à Espera do Sol chamava-se assim precisamente por raramente, ou quase nunca ver o Sol, pois estava bem no fundo de duas grande montanhas e estas montanhas tinham a mania de prender as nuvens entre elas e não as deixar voar para mais lado nenhum. E o Sol bem tentava espreitar, mas não conseguia nem por nada. Era um desespero para o Sol e para a aldeia que continuava Cantinho à Espera do Sol. E o menino Mínimo continuava infeliz, a chorar por não ter nenhum Sol ao pé dele.

Um dia, o pai do menino Mínimo que era um grande inventor e já estava farto de o ouvir a chorar e a embirrar pôs-se a pensar que tinha de arranjar uma solução para fazer o Sol aparecer lá no alto, entre as montanhas. Se não fossem aquelas nuvens ali presas, já velhas e cansadas de estarem no mesmo sítio já o Sol não tinha desculpa para não brilhar por cima da aldeia Cantinho à Espera do Sol e já a aldeia podia mudar de nome.

Magicou, magicou. Fartou-se de fazer desenhos e contas num rolo gigante de papel e, por fim, enfiou-se na garagem das invenções depois de dar ordens que não queria ser interrompido por nada nem por ninguém, nem para comer. Até o menino se calou de tão espantado com a voz autoritária do pai. Mas por pouco tempo, logo que o pai trancou a porta da garagem lá voltou à sua choraminguice habitual.

O pai esteve fechado na garagem das invenções três dias inteirinhos, a trabalhar sem parar, nem para dormir. Ouvia-se durante todo o dia e toda a noite os barulhos mais variados: madeira a ser serrada, pano a ser rasgado, berbequins, marteladas, etc. E na manhã do quarto dia abriu-se a porta da garagem das invenções e lá de dentro saiu uma maquineta muito estranha: parecia um pássaro gigante, mas de madeira e pano. Toda a aldeia veio ver o que se passava, tal o burburinho que, desde logo, começou a avançar pelas ruazinhas do Cantinho à Espera do Sol. O Presidente da Câmara foi o último a chegar e por isso apareceu muito mal-disposto. Nem sequer havia uma fita para ele cortar, que irresponsabilidade e falta de consideração. Mesmo assim, conseguiu abrir caminho por entre os aldeãos demasiado espantados para repararem nele, e chegou à primeira fila mesmo no limite.
(História incompleta)

Como está a nossa Literacia Mediática?

Portugal tem uma população de 10.569.592
Está em 26.º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano.
99% dos lares tem, pelo menos, um televisor.
91% dispõe de telefone.
34% possui, pelo menos, um computador pessoal.
Cerca de 17% da população vê mais de três horas de televisão por dia.
9,5% da população ouve o rádio todos os dias, durante pelo menos três horas.
90,1% lê o jornal, mas durante menos de uma hora por dia.


Estes são alguns dados referentes ao nosso país facultados pelo Study on the Current Trends and Approches to Media Literacy in Europe, coordenado pela Universidade Autónoma de Barcelona, realizado no segundo semestre de 2007. O estudo incide sobre a União Europeia e outros países não membros.

Literacia mediática faz parte do processo de desenvolvimento comunicativo mundial que começou com a introdução do alfabeto escrito comum, e que se estendeu para o desenvolvimento dos Media electrónicos e da Informação digitalizada. A expressão ‘literacia mediática’ define as aptidões e competências necessárias para lidar com os novos ambientes comunicativos, digital, global e multimédia, da sociedade de informação. Tentando ser mais clara, quando analisamos a literacia mediática de um povo, estamos a analisar a sua capacidade de compreender e avaliar, de modo crítico, os diferentes media (meios de comunicação social) e os seus conteúdos, e de criar comunicações em diversos contextos mediáticos.

Nos últimos tempos, Portugal tem vindo a mostrar um clima favorável à literacia mediática, favorecendo a sociedade da informação e a organização da comunicação social. O uso dos computador e da Internet tem sido incentivado e têm sido criadas novas práticas pedagógicas ligadas ao cinema, à imprensa, às tecnologias educativas, à cidadania, aos estudos de comunicação e de media. Mas como diz o estudo, o nosso país tem, ainda, um longo caminho a desbravar.

Publicação online:
In: http://blogroc.lpmcom.pt/?id=008&PHPSESSID=dbf979a3aa5ece4cacd68fcb5d218c5e